Vinhos do Alentejo Portugal

Vinhos do Alentejo Portugal

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Alentejo: uma Denominação de Origem portuguesa

Hoje é dia de conversarmos sobre a região portuguesa vitivinícola do Alentejo que é simplesmente maravilhosa que além das rotas de vinhos, podemos desfrutar também dos castelos medievais, cidades romanas e a gastronomia que é um espetáculo!

Os viticultores e os enólogos do Alentejo produzem com arte seus vinhos, unindo tradição e modernidade.

Os vinhos do Alentejo adquiriram através da própria viticultura e também no apoio cooperativo entre as associações ligadas ao vinho, uma identidade genuína. Porém nem sempre foi assim, apesar da tradição vitivinícola ser bastante antiga, esta era um pouco desordenada e os vinhos dessa região não tinham, antigamente, um caráter específico. Mas houveram muitas mudanças ao longo dos tempos que fizeram os vinhos do Alentejo adquirirem atualmente seu merecido destaque.

História da viticultura da região

Ainda hoje é difícil concluir historicamente como foi feita a introdução da viticultura no Alentejo. Descobertas arqueológicas nos dão algumas pistas sobre a cultura do vinho e da videira na região. Há indícios de que os tartessos foram os primeiros a domesticarem as videiras na região, porém estes perderam o domínio da região para os fenícios que apoderaram-se das atividades dos tartessos.

Os fenícios desenvolveram a tradição da viticultura que mais tarde foi continuada pelos romanos.

A presença dos gregos posteriormente aos fenícios também é comprovada em virtude das ânforas encontradas na região. A cultura vitivinícola nessa época foi bem modesta na região do Alentejo apesar dos quase dois séculos de história.

Os romanos herdaram a maneira grega de beber vinho e foram os responsáveis pela propagação da cultura do vinho no Alentejo, com seu profundo conhecimento de técnicas agrícolas, proporcionando inclusive as primeiras exportações de vinhos alentejanos para Roma. A presença dos romanos na viticultura do Alentejo foi tão relevante que deixou marcas até os dias atuais, por exemplo, o uso das talhas de barro para fermentação dos mostos e armazenamento.

Após a invasão muçulmana no século VIII, a cultura do vinho, tanto no Alentejo como em toda a península ibérica foi muito prejudicada em virtude dos hábitos árabes, que negavam a cultura do vinho. Por esse motivo as viderias foram inevitavelmente abandonadas.

Com a reconquista, os vinhedos no século XVI finalmente foram recuperados e a cultura vitivinícola floresceu novamente no Alentejo, mas infelizmente outra crise se abateu por lá. No século XVII o Marquês de Pombal instituiu a Real Companhia Geral de Agricultura dos Vinhos do Douro, que em defesa dos vinhos da região do Douro e em detrimento dos vinhos de outras localidades, ordenou que fossem arrancadas as videiras em muitas regiões, e uma delas foi o Alentejo, o que gerou outra crise para a viticultura alentejana.

A crise se prolongou até metade do século XIX, onde a vitucultura da região teve uma recuperação que infelizmente durou pouco tempo. No início do século XX os vinhedos da Europa foram atacados pela Phylloxera e os agricultores foram obrigados a pensarem em outra atividade.

Finalmente em 1970, através das associações entre produtores, a viticultura alentejana conseguiu se firmar e em 1988 deu-se início a regulamentação das primeiras denominações de origem do Alentejo.

Alentejo: localização, clima, solo

O Alentejo está localizado no centro-sul de Portugal, faz limite ao norte com o rio Tejo, a leste com a região española da Extremadura, a oeste com o oceano Atlântico e ao sul com o Algarve.

O clima predominante é mediterrâneo, porém tem algunas zonas com microclima continental. Apresenta uma grande amplitude térmica com invernos frios e verões quentes e secos. Os índices pluviométricos são baixos com precipitação média anual variando entre 500 e 800mm.

As planícies ondulantes na região são compostas de horizontes abertos e amplos, porém a subzona vitivinícola de Portalegre é mais irregular sofrendo influência da majestosa Serra de São Mamede.

O solo é pouco fértil e apresenta características distintas pelas regiões:

  • Borba: solo pedregoso predominando derivados de calcário cristalino
  • Portalegre: solo de origem granítica.
  • Reguengos e Redondo: solo de origen granítica contendo “pizarras”.
  • Vidigueira: solo de origen vulcânica, que filtra muito bem a água e retém os raios solares.
  • Évora, Granja Amareleja e Moura: solo mediterrâneo vermelho-amarelo não calcáreo de xistos.

Denominação de Origem Alentejo

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) é a entidade que certifica os produtos vitivinícolas da região com direito a serem identificados como Denominação de Origem Alentejo (DO) ou Indicação Geográfica (IG) Alentejano (vinho Regional Alentejano).

D.O. Alentejo

São oito as sub-regiões vinícloas que compõem a D.O. Alentejo:

  • Borba: é a segunda maior sub-região e a mais avançada em tecnologia. Engloba as regiões que une Entremez a Terrugem, indo até Orada, Vila Viçosa, Rio de Moinhos e Alandroal. Devido ao seu microclima com temperaturas mais baixas e onde chove um pouco mais que em outras sub-regiões alentejanas, seus vinhos são mais frescos e elegantes.
  • Portalegre: banhada pelos rios Caia e Xevora e situada nas encostas da Serra de São Mamede numa altitude que supera os mil metros. As videiras dessa região se diferenciam tanto pela altitude como também pela idade avançada das cepas, gerando vinhos frescos, elegantes e poderosos.
  • Reguengos: é o reduto das vinhas mais velhas do Alentejo e os vinhos dessa região são encorpados com grande capacidade para o envelhecimento.
  • Vidiguiera: região localizada mais ao sul que divide o Alto e o Baixo Alentejo. Apresenta o clima mais suave, sendo a região privilegiada para a produção de vinhos brancos do Alentejo e onde encontramos a variedade Tinta Grossa, que é bem misteriosa e alguns creem ser a mesma casta Tinta Barroca.
  • Évora: região quente e seca, é produtora de alguns dos vinhos mais prestigiados do Alentejo.
  • Granja Amareleja: a região faz frontera com a Espanha. Tem um dos climas mais áridos de Portugal e por isso consegue-se ali uma maduração muito boa e precoce das uvas, gerando assim vinhos com elevado grau alcoólico.
  • Moura: clima continental com invernos muito frios e verões bastante quentes. A variedade Castelão tem uma ótima adaptação ao clima extremo da região, apresentando vinhos quentes e macios.
  • Redondo: região dominada pela Serra d’Ossa com invernos frios e secos. Sua altitude média é de 600 metros o que proporciona às videiras uma excelente exposição ao sol.

I.G. Alentejo

O Alentejo é uma região com uma diversidade grande de tipos de solos, o que favorece além de cepas indígenas, o cultivo de variedades foráneas. Portanto é concedido aos produtores que se encontram fora da D.O. Alentejo, a indicação de Vinhos Regional Alentejano. Esta indicação estabelece regras mais liberais e autonomia para escolhas das variedades de uvas e se justifica pela qualidade dos vinhos produzidos.    

As variedades de uvas do Alentejo

O Alentejo apresenta uma variedade grande de cepas autóctonas (cuja origem é da própria região) que imprimem um caráter regional aos vinhos, e cepas forâneas que se adaptaram muito bem à região. Seguem algunas variedades cultivadas no Alentejo e permitidas nos vinhos D.O. Alentejo:

Brancas:

  • Antão Vaz
  • Arinto
  • Rouperio

Tintas:

  • Alfrocheiro
  • Alicante Bouschet
  • Aragonez
  • Cabernet Sauvignon
  • Castelão (Periquita)
  • Syrah
  • Touriga Nacional
  • Trincadeira

Produtores do Alentejo

Reguengos:

  • Herdade do Esporão
  • Casa Agrícola José de Souza Rosado Fernandes (José Maria da Fonseca no Alentejo)
  • Carmim – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz
  • entre outras

Portalegre:

  • Tapada dos Chaves
  • Adega de Portalegre Winery
  • Altas Quintas
  • entre outras 

Borba:

  • Adega Borba
  • Sovibor
  • Herdade Penedo Gordo
  • entre outras 

Redondo:

  • Adega Cooperativa de redondo
  • Herdade do Freixo
  • Herdade da Maratoeira
  • entre outras 

Vidigueira:

  • Cortes de Cima
  • Herdade do Peso
  • Adega Cooperativa Vidigueira
  • entre outras

Évora:

  • Cartuxa – Fundação Eugénio de Almeida
  • Herdade Dacalada
  • Casa Relvas
  • entre outras

 Vinhos de Talha: uma tradição do Alentejo

Os vinhos de talha são produzidos e armazenados em grandes vasilhas de barro, e a CVRA em 2011 reconheceu esse método de produção vinícola incluindo o Vinho de Talha na Denominação de Origem Alentejo.

A palavra talha deriva do latim Tinalia que significa vasilha de dimensões grandes.

O Alentejo tem sido o grande guardião dessa tradição milenar de vinificação de vinho que foi desenvolvido pelos romanos a mais de dois mil anos. A ânfora de barro é o recipiente mais antigo usado para a conservação e armazenagem de vinhos.

A história da viticultura e dos vinhos do Alentejo é bastante rica e agora que você já sabe um pouco sobre ela, é hora de colocar em prática os conhecimentos adquiridos. Aqui vai nossa dica: a melhor maneira de aprender sobre vinhos é bebendo. Então “mãos na taça”!!

Escolha um vinho do Alentejo e disfrute dele assistindo o vídeo que fizemos sobre essa região vitivinícola portuguesa em nosso canal do YouTube.

Salud!! 🍷🍷

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