Tipos de rolhas para vinho

Tipos de rolhas para vinho

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Quando estamos diante de garrafas de vinho podemos observar que existem vários tipos de rolhas ou tampas diferentes. A  dúvida mais comum é se existe relação entre a qualidade do vinho com o tipo de rolha utilizada na garrafa.

As principais perguntas são por exemplo:

  • vinho de qualidade necessariamente tem que ser fechado com rolha de cortiça ?
  • outros tipos de tampas são para vinhos de menos qualidade ?

Claro que abrir um vinho de rolha de cortiça tem todo seu charme e desarrolhar representa uma parte importante do serviço do vinho, mas isso não pode ser confundido com a qualidade que o vinho apresenta.

Então hoje vou te contar um pouco sobre as rolhas, para que elas servem e qual sua importância para o vinho.

Para que servem as tampas?


O vinho segue evoluindo na garrafa e a tampa serve para protegê-lo até o momento que o vinho vai ser consumido.

Portanto é através das rolhas que podemos conservar os vinhos e manter suas características organolépticas ou seja, aquelas características que sentimos através do nosso olfato e paladar, por exemplo.

Atualmente no mercado existem vários tipos de tampas para vinhos, e essas tampas tem diversos formatos e materiais distintos, cada um com uma função diferente, e o que vai definir qual será a melhor tampa é o tipo de vinho (jovem, de guarda, espumante e etc…).

A escolha do tipo de tampa é feita em função do tipo de vinho. Por exemplo:

  • um vinho jovem, elaborado para ser consumido num período de tempo menor, pode perfeitamente ser vedado com uma tampa de rosca (screw cap) ou de outro material sintético, e isso não irá afetar em nada a qualidade do vinho;
  • já um vinho de guarda, que pode levar anos e anos evoluindo na garrafa, vai precisar de um vedamento apropriado, por exemplo, através de rolha de cortiça natural, que apresenta propriedades que vão possibilitar o envelhecimento desse vinho de maneira adequada;
  • existe ainda a Spark: rolha específica para espumantes, que são feitas para suportar a pressão que estes tipos de vinho armazenam nas garrafas.

História

A maneira para conservar os vinhos sempre foi uma preocupação: desde a antiguidade, quando o vinho era armazenado em ânforas ou outros recipientes cerâmicos, já se tinha o cuidado em tampá-los. Utilizavam peles e tecidos tratados com óleos, porém isso alterava muito as propiedades do vinho, além de não ser possível um fechamento hermético.

Os gregos no século V a.C introduziram a cortiça para vedar os vinhos e no século XVII com o surgimento das garrafas de vidro, foi adotado a rolha de cortiça no modelo standar.

A rolha de cortiça

A cortiça é uma matéria prima natural obtida da casca do sobreiro (Quercus suber), uma árvore presente em regiões do Mediterrâneo Ocidental, principalmente em Portugal e Espanha, podendo ser encontrada também na França, Itália e Marrocos. Conforme a árvore vai crescendo seu tronco forma uma capa de dentro para fora, composta de células mortas e outros componentes que fazem com que a cortiça seja flexível.

Pode-se começar a extrair cortiça do sobreiro quando este atinja seus 30 anos, respeitando um espaço de tempo, em média, de 9 anos para cada extração. Dessa forma a árvore se regenera produzindo mais cortiça sem se prejudicar.

As rolhas de cortiça apresentam características que contribuem muito para um eficaz vedamento das garrafas de vinho:

  • É um material elástico
  • Tem uma boa aderência ao vidro
  • É praticamente impermeável

Tipos de rolha de cortiça 

  • Natural:
    • Feita a partir de uma só peça de cortiça de alta qualidade e possui poucos poros, possibilitando uma micro oxigenação do vinho nos primeiro meses, que será importante para a evolução dos vinhos de guarda e após esse período, com a garrafa armazenada na posição horizontal, a rolha em contato com o vinho se expande, provocando um vedamento hermético criando um ambiente redutor;
    • Onde se utiliza: em vinhos que podem ser envelhecidos;
    • Incoveniente: o TCA (tricloroanisol) provoca uma enfermidade (defeito da rolha) que atinge a rolha de cortiça provocando nos vinhos um cheiro a mofo e umidade, porém atualmente isso não costuma acontecer facilmente.
  • Rolha natural de multi peças:
    • Formada por dois ou mais pedaços de cortiças coladas;
    • Onde se utiliza: em garrafas de formatos maiores de vinhos feitos para serem consumidos jovens;
    • Incoveniente: a cola utilizada e aprovada pela FDA, embora permitida para contato com alimentos, pode acontecer de passar aromas indesejados ao vinho (mesmo isso sendo pouco comum).
  • Natural colmatado:
    • São feitas de cortiça natural com poros preenchidos com pó de cortiça de rolhas naturais unidas com cola de resina, látex ou a base de água;
    • Onde se utiliza: em vinhos jovens para serem consumidos em torno de 1 a 3 anos;
    • Incoveniente: pode acontecer de passar aromas (da cola) indesejados ao vinho, ainda que isso seja raro.
  • Aglomerado:
    • É formada por um granulado de cortiça (que não foram utilizadas na rolha de uma só peça) misturada com resina de polímero;
    • Onde se utiliza: geralmente em vinhos para serem consumidos dentro de um ano;
    • Incoveniente: sua fabricação é um processo bem industrializado.
  • Técnicos ou híbridos:
    • Tem o corpo formado por cortiça aglomerada com uma ou as duas extremidades com um disco de cortiça natural;
    • Onde se utiliza: em vinhos para serem consumidos jovens;
    • Incoveniente: pode acontecer de passar aromas (da cola) indesejados ao vinho, ainda que isso seja raro.
  • Spark para espumantes:
    • Tem um diâmetro maior que as outras rolhas para suportar a pressão do gás carbônico dentro da garrafa dos vinhos espumantes.
  • ProCork:
    • São rolhas de cortiça natural onde é aplicada uma membrana de cinco camadas, imperceptíveis, desenvolvida a partir de polímero sintético, nas extremidades da rolha, com a finalidade de eliminar os riscos de contaminação do vinho pelo TCA;
    • Onde encontramos: em vinhos que podem envelhecer em garrafa.
  • T-Cork (capsuladas):
    • São rolhas de cortiça natural ou colmatada, que apresenta na sua extremidade superior, uma cápsula que pode ser de plástico, vidro, metal ou madeira, permitindo ao consumidor fechar novamente a garrafa;
    • Onde se utiliza: esse tipo de rolha é usado em garrafas de vinho como o Jerez, o Porto, alguns licores e etc.
  • Helix:
    • São rolhas de cortiça com rosca, que são usadas em garrafas de vidro com um acabamento interno também rosqueável;
    • Onde se utiliza: em alguns vinhos de consumo rápido;
    • Incoveniente: adaptar as linhas de produção de engarrafamento nas vinícolas.

 Outros tipos de tampas para vinhos

  •  Sintéticas:
    • Tem a forma de uma rolha tradicional e é feita a partir de polímeros plásticos e silicone, e por isso apresentam boa elasticidade. Foi uma alternativa para se evitar o TCA que pode ocorrer em rolhas de cortiça natural, ainda que seja um fenômeno não muito frequente;
    • Onde se utiliza: em vinhos jovens, que vão ser consumidos dentro de 3 anos;
    • Incoveniente: os materiais usados na sua fabricação tendem a se contraír a partir de 3 anos na garrafa e não é um material sustentável, já que para sua fabricação se emite grande quantidade de gás carbônico.

  • Tampa de rosca (screw-cap):
    • São tampas de alumínio ou de plástico rosqueável que permitem diferentes níveis de transferência de oxigênio preservando assim os aromas frutados e a frescura do vinho, principalmente dos vinhos brancos e tintos jovens. As garrafas podem ser armazenadas em qualquer posição (horizontal ou vertical);
    • Onde se utiliza: em vinhos elaborados para serem consumidos jovens, por exemplo, os aromáticos Sauvignon Blanc e Riesling. Encontramos bastante esse tido de tampa em vinhos produzidos no Novo Mundo (Austrália, Nova Zelândia, África do Sul);
    • Incoveniente: não permite o amadurecimento do vinho em garrafa. Porém algumas vinícolas que utilizam esse tipo de tampa em  seus vinhos já vem fazendo uma minuciosa observação  para saber como ocorre a evolução destes quando se utiliza a screw-cap.

  • Tampa de cristal:
    • São tampas feitas de vidro com um anel de acetato vini-etilênico. Tem um custo elavado para ser produzido, com a vantagem de ser reciclável e não altera os aromas e sabores do vinho, porém ainda faltam estudos mais conclusivos sobre sua eficácia;
    • Onde se utiliza: em vinhos jovens dando muita elegância para a garrafa de vinho;
    • Incoveniente: preço elevado.

  • Tampa de chapa metálica:
    • São as mesmas tampas usadas nas garrafas de cerveja, que também se usam em alguns vinhos naturais ligeiramente espumantes como os Pétillant Naturel ou simplesmente pet-nat.

Como podemos ver existem muitos tipos diferentes de rolhas e tampas para os vinhos. Elas são diferentes tanto em relação ao material usado na sua fabricação como também tem vários formatos distintos.

Cada produtor tem sua preferência particular em relação aos tipos de rolhas disponíveis no mercado, considerando suas necessidades para tamparem seus vinhos.

Deixando as paixões a parte, o importante é entendermos que todas elas tem suas funções, vantagens e desvantagens em relação a evolução dos vinhos dentro da garrafa.

O certo é que não devemos mensurar a qualidade desse ou daquele vinho somente em relação ao tipo de tamponamento, isso seria um erro.

Temos um vídeo já disponível em nosso canal do YouTube sobre esse artigo e tantos outros sobre o mundo do vinho. Confere lá.

Salud!!🍷🍷

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