Vinhos doces

Como tem muita gente que não curte vinho seco e prefere vinhos mais doces, hoje nosso assunto é justamente esse para esclarecer alguns pontos em relação a esses vinhos.
Tenho visto por aí algumas pessoas dizerem certas coisas sobre os vinhos doces, por exemplo: “quem bebe vinho doce não sabe beber vinho” – “vinhos doces são de qualidade inferior aos vinhos secos” e por aí vai…
Então bora lá saber o que são os vinhos doces, os tipos de vinificação para se conseguir esses vinhos, pois sim, existem várias maneiras de elaborá-los e porque algumas pessoas tem certo “preconceito” com alguns vinhos mais doces.
🤦🏽♀️ Para começar, vinho naturalmente doce não é vinho que se adicionou açúcar!!
🙋🏽♀️ Uma das formas de elaboração do vinho doce é a seguinte: durante a fermentação alcoólica sabemos que o açúcar contido no mosto das uvas é transformado pelas leveduras, em álcool e CO2 (dióxido de carbono).
Quando o produtor deseja que o vinho seja doce, ele interrompe a fermentação alcoólica (fermentação incompleta).
Então o vinho terá açúcar residual e será mais ou menos doce, de acordo com a quantidade desse açúcar.
Chamamos esses vinhos de vinhos naturalmente doces, e dependendo da quantidade de açúcar residual podem ser classificados em doce (também chamado de suave no Brasil), semi doce, etc…
Lembrando que a classificação quanto a quantidade de açúcar residual pode mudar de acordo com a legislação de cada país.
Existem várias formas de se elaborar vinhos doces. As uvas usadas para elaboração de vinhos doces são geralmente uvas sobremaduras, ou seja, com muita concentração de açúcar que se consegue de várias formas:
- deixando as uvas madurarem na própria planta, colhendo as uvas sobremaduras, que chamamos de “colheita tardia” típicos da Alsacia ou os Beerenauslesse da Alemanha.
- deixando as uvas desidratar e também concentrar açúcar antes de fermentar, que são o processo de “asoleo” na Espanha, ou “appassimento” na Itália.
- outra maneira de concentrar açúcar nas uvas é deixa-las na planta até chegar o inverno e colher essa uva também sobremadura, porém congelada, o que chamamos de “ice wines” ou “vinhos de gelo”.
- existe também um fungo chamado Botrytis cinerea, que desidrata as uvas provocando o que chamamos de “podridão nobre”, que dará origem a um dos estilos de vinhos doces mais famosos do mundo como o Tokaji e Sauternes.
- Podemos também interromper a fermentação alcoólica para manter açúcar residual através da adição de aguardente vínica. As leveduras não resistem a grande quantidade de álcool e param de fermentar. Os vinhos obtidos através desse processo são Porto, Banyuls, Madeira, Marsala, Fondillón de Alicante (que aliás temos artigos aqui no Blog), dentre vários outros espalhados por esse mundão.
Esses vinhos naturalmente doces tem geralmente uma graduação alcoólica bastante alta sendo ótimos vinhos para serem tomados antes ou após as comidas.
Bom, agora entramos na questão delicada e que gera por aí muita discussão e acredito que é onde começa a confusão. Alguns produtores, para corrigir a deficiência em açúcar, devido ao não amadurecimento adequado das uvas, adicionam sacarose (açúcar) ao vinho. Essa prática recebe o nome de Chaptalização e é proibida em vários países produtores. No Brasil a prática é permita.
Agora que você já tem bastante informação sobre os vinhos naturalmente doces é hora de começar a disfrutar dos vários estilos que encontramos por aí! Depois comenta conosco (e-mail ou WhatsApp).
Bons vinhos 🍷🍷
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